sábado, 26 de novembro de 2011

Raiz quadra de 614656


Nesses anos todos, a parte mais difícil talvez tenha sido perceber que a vida não é perfeita como parecia nos desenhos animados, que as coisas acontecem, em grande parte, não porque eu quero que aconteça, mas porque de alguma forma a estrutura que percebemos ao redor indifere das nossas expectativas, e à isso, chamamos universo, ainda que na maior parte do tempo vivenciamos em uníssono não mais que o senso de existir nesta confortável camada chamada biosfera. Sabemos que a lua é esférica e orbita nosso planeta, mas por vezes, entrego-me à ilusão de que é apenas a estática imagem parada de um pálido círculo, que apenas embeleza o céu e comunga com as cantorias de amor mundo afora. Sinto que as tecnologias manejadas pelo ser humano provém de uma única e simples necessidade: comunicar-se. Percebo que o mundo é dominado não por ferramentas palpáveis, e sim, pela simples capacidade humana de modificar a voz, entonar, consonar, dar significado à tudo que é tangível ou não. Dedico estas palavras às palavras, estas, por sua vez, dedicam suas nuances às frases, que por sua vez, caminham sem perceber, vivem sem saber. Amo-as, mesmo que firam, que erroneamente confiram, que comovam por engano, que se tornem adornos, ou simplesmente o frágil coração que nada diz, porém, incita a dizer.

Trilha de fundo:
Caloroso
Somente Ser
Não Entendo Mais de Viver

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Na Morada


Ao lado, minha pequena morada
Minha noite fria qualquer
Que soprara ruidosa o abraço, a calçada
És o lar que plantei por engano
Flor de poucas primaveras
Ruido branco, branda melodia, luas e sóis
O cheiro que faz rabiscar perfumes
O arrancar de pétalas, o amor e as florestas
O sono, a calmaria
Que de amores e conversas
Deixa rastros de alegria

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

A Calçada



Quero estar na sua vida
Seja pouco, boa noite, lindo dia
Não deixe cair, qualquer pouco que exista
Basta dormir sombra, que lhe acordo sol
Poderá sair, lhe dou a rua
Porém, ao voltar, só serei à ti, teu lar
Se quiser tão somente a rua
Cantarei luas
Que porém, de tanto cantá-las
Correrei louco até a mais bela calçada
Linda, fria, desnivelada
Anuviado, quieto, aceno
Lembro que tudo ria, a noite, as casas, a estrada
Lembro do frio que tanto almejara
Pois fora um abraço, nossa primeira casa

domingo, 24 de julho de 2011

Loucura boa!


Não quero tanto me guiar pela razão
Viver não é exato, nem provável, nem religião
Viver as vezes é feito água fria, que é melhor…Não pensar demais
Se atirar de vez e ver que tanto faz
A água fria no pensamento gela mais
E faz durar bem mais o frio que se vai

Não quero tanto me confortar na solidão
Correr é verdade feito o sol, a lua e a estação
Um dia surge sem aviso um desafio
Que fará…Não pensar demais
Se atirar de vez e ver que tanto faz
A chuva fria em pensamento faz cantar
E faz amar bem mais o céu azul
…solo

Eu quero todo esse desejo que é te ver
Amigos e ruas, palavras nuas, vão me aquecer
Corpos que brilham no escuro das ideias
Que farão…Acender a paz
O "Faz-de-conta" não sabe contar
Loucura boa, ter nascido e então chorar
Quem nasce chorando já nasce sabendo amar

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Fugir, ficar

Por vezes, quero tanto errar
Mas em pleno engano acordo
Ainda que temeroso, à passos curtos
Não fosse tão somente medo, me acharia louco
Mas tão normal que é, essa coisa que cantam
Tão normal que é, a vergonha de cantar
Sim! Do mesmo jeito que o desejo, é a fuga
A desculpa repetida tantas vezes
Fugir de alguém que não a si
Mentira que até criança duvida
Ri, a criança que baba, espirra
Ri, a criança que, por ver-se crescida, vê-se altiva
Chora, quem quer a vida
Finge, quem a esnoba
E triste, seco, padece
Feito robô que se enxerga e logo vê
Existe, além de ver, e quem dera, tudo esquecer
Louco! Completo louco, quem não se deixa ser

domingo, 3 de julho de 2011

Aos jogadores, a chance.

Sugestão: Ler ouvindo a música que fiz durante todas as idas e vindas da escola. Basta clicar no link abaixo (Se o link for direto para a pagina da música, volte e clique com o direito no link e escolha "abrir em nova aba").
http://cl.ly/443I453m2U2G0g3k1w2J


Fui um bom aluno no Ensino Médio, dos 26 aos 27 anos. Atrasado até demais, ainda que sempre chegando na hora e tendo praticamente nenhuma falta. Quieto, atencioso, respeitador, ainda que antes tenha sido por muito tempo, da turma dos que faltam, incomodam, ficam no fundo amaçando algum papel para jogar em alguém. De fato, aprendi que matar aulas é um favor, pois do contrário, mata-se o prazer das aulas de quem precisa e quer muito aprender. Jamais julgarei mal os que participam da turma do fundo, eles têm algo mais que problemas, eles têm obrigações que culturalmente não puderam perceber ainda a importância. No fervor da batalha, há quem queira e tenha que resolver tal impasse, e de fato percebe que mais uma vez o tempo que poderia ter sido usado para dar aula, foi usado para sermões que apenas entram nos ouvidos de quem não precisaria ouvir. Punir ainda é a regra na cultura de todos, e por via das dúvidas, a ideia perdura porque parece funcionar indefinidamente, aqui e ali, ninguém sabe como. Não há tempo ainda para que alguém pense em outra alternativa, assim como não há tempo para o professor exercer como bem quer seu cargo. Aqui deixo, neste texto, minha profunda alegria de ter visto como é a realidade, que de alguma forma desenrola-se no meio de tanto caos, tanta incerteza, e torna-se um desafio e nada mais. Não há impossibilidades nem qualquer distância imensurável. Não há qualquer barreira intransponível, por mais que pareça ter. Há qualquer coisa feito as palavras de Louis Armstrong, negro, no mundo dos preconceitos raciais, que desmantela qualquer possível ideia suicida quando diz: "What a Wonderful World".