domingo, 20 de janeiro de 2013

O dia em que os melhores amigos receberam uma nova chance

Era um dia belo, quando eu e meu irmão decidimos ir atrás de nossa cadela chamada Sapeca, que já era bem velha, tinha algo em torno de 18 anos, e tinha sido recolhida pela Carrocinha. Primeiro ela sumiu estranhamente, até que um querido veterinário da cidade me parou na rua e disse ter visto a seguinte cena: ela, entre outros coitados, sendo recolhidos pela Carrocinha, e inclusive, na frente da nossa casa. Não deu outra. Eu e meu irmão decidimos fazer o resgate. Diziam na época que o cachorro poderia se tornar sabão, e a ideia de tomar banho usando sabão feito de Sapeca não era lá muito agradável. Então, eis que lá estávamos. Um lugar próximo aqui de Guaíba, sem muita gente, sem asfalto, um tanto insalubre, nenhuma sombra, com casas mal cuidadas de tal forma que pareciam abandonadas. Fomos parando o carro simplesmente, perto do que parecia ser o tal canil. Não consigo lembrar se o portão estava trancado, mas lembro que portão trancado não seria problema, e logo entramos pátio adentro e avistamos os bichos. De fato, ao notar que não havia ninguém para nos atender, e ao notar nossa querida Sapeca no meio de uma considerável quantidade de bichos em um espaço tão pequeno, com alguns potes de comida vazios, simplesmente arrombamos o canil. Saíram muitos, todos com gana de viver. Era uma cena e tanto! Corríamos juntos e dando risada numa desvairada nuvem de poeira, eu, meu irmão com a Sapeca no colo e aquela imensa avalanche de cães com a língua de fora. Queriam brincar, comer, correr mais e mais, enfim… Naquele dia éramos terra, coração, água, fogo, ar, unindo nossos poderes para o Capitão Planeta. Nunca vou esquecer… Entramos no carro e  de relance notei que todos os cães tinham se espalhado, simplesmente. Vai saber onde foram parar… Ganharam uma segunda chance, assim como a Sapeca, nossa querida cadela que nem existe mais, mas que me viu crescer e me ensinou muita coisa sem precisar dizer nada.

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