quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Falta pouco para terminar 2015, e eu confesso: sinto falta da Simone.

Faz pouco mais de um mês que completei 32 anos, e alguma coisa me diz que agora tenho 30... Nesse ano pude constatar que não sirvo pra ninguém, mas sirvo muito pra mim. Eu entendi, finalmente, esse fracasso que já era evidente muito antes, e eu não quis acreditar, insistentemente eu tratei cada situação como "eventual", que tudo passaria e ficaria o aprendizado, a experiência de saber-se vencido por tudo e todos, tendo apenas o consolo de poder brincar com as cordas do violão e cantarolar minhas dores de maneira tosca, mas tomado de uma honestidade incontida, repetitiva, narrativa. Eu, que sempre analisa os fatos cantando, mas revivi os erros falando, agindo, tomando decisões que acabam gerando verdadeiras catástrofes emocionais. O poeta, como sempre, acaba fingindo que é dor, confunde-se, renova-se, e lá se vai cantar a mesma dor com outras cores e harmonias, outros sois, outros céus... Eu queria pensar que estou exagerando, queria acreditar que estou procurando "cabelo em ovo", mas na verdade eu já vi sim, um fio de cabelo levemente grisalho, encostado num ovo, e era meu. Esses fios tímidos que saltam do espelho até mesmo de minha barba, assinalando que o tempo agora vai me jogando como uma grande multidão descontrolada a me afastar de um ídolo... A solidão já não é mais apenas companhia, e sim, a estrada só de ida, para aquele "nada", lá adiante, essa tal "velhice", essa queda livre num posso escuro que parece não ter fundo... Eu me sinto apagado, e ao mesmo tempo ainda pulsando uma singela esperança, que é o desejo de estar errado, de estar fantasiando, até nisso...

2 comentários:

  1. Só ali li este texto. Achei fantástico. Talvez porque me identifique com ele em vários pontos. Gostei, de uma maneira meio triste, mas gostei!

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  2. Grande Elivelto, que bom que se identificou em vários pontos, afinal isso é mais um indício de que eu estou fantasiando, "narrando", digamos, algum melodrama brega, o "chorume", essa coisa toda... Nunca imaginei que tu se sentisse um rapaz triste, não sei, tu sempre parece um cara tranquilo, sorridente nas fotos e ao ar livre... Mas é isso né, estamos aí, fingidores, tão completamente, que chegamos a ser a própria dor que deveras estamos sentindo... Sei la, a vida tem sempre razão, obrigado por comentar aí, acho que tu é o primeiro, e o único... hehe :D

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